ELIEZER SETTON

Nasceu em Maceió em 21/01/1957, filho de Terezinha Otílio Setton e de Salomão Setton Neto, que foi Rei Momo do carnaval de Maceió por 19 anos consecutivos (1970 – 1988), além de ter sido um dos fundadores da pioneira Rádio Difusora de Alagoas em 1948, onde ficou conhecido como “Setton Neto – O Gringo do Samba”.

É cantor, compositor, economista, comendador, forrozeiro, versionista e cantador de hinos.

Os festivais

Começou a compor em 1976 e no ano seguinte participou do seu primeiro festival de música, o que resultou em sua primeira composição gravada (Desesperança) e lhe proporcionou o ingresso no já existente Grupo Terra, grupo musical que é um marco da cultura alagoana do final dos anos 70 e início dos 80. O Terra tinha repertório autoral e deixou seu registro fonográfico em três LPs de festivais e num LP solo pela Bandeirantes Discos de São Paulo.

Em 1983, depois de distinguir-se no IV Festival Universitário de Música, promovido pelo DCE /UFAL, conquistando o 2º e 3º lugares como compositor, além do prêmio de melhor intérprete, aventurou-se como músico da noite atuando em Maceió, São Paulo (1984) e Rio de Janeiro (1985 -1989), fazendo o tradicional voz e violão.

De novo em Maceió, continuou sua trajetória de festivais, culminando com as participações no Canta Nordeste (transmitido ao vivo pela Rede Globo de Televisão para toda a Região), onde foi finalista em 94 e 95 com “Serra Pau” e “Quem dera que sêsse”, respectivamente.

O forrozeiro

Compositor eclético, é na música nordestina que vem colhendo os melhores frutos. Da parceria com Pedro Sertanejo (pai de Oswaldinho do Acordeon) surgiu “Campo Formoso”, o primeiro forró com sanfona e tudo, gravado pelo próprio Eliezer, num disco do próprio Pedro, em 1982. Da parceria com Oswaldinho, nasceu, entre outras, “Na Hora H”, música que Elba Ramalho gravou em 1992 e foi indicada para o VI Prêmio SHARP. O casamento com o FORRÓ estava sacramentado e o compositor passou a ser gravado por intérpretes do cancioneiro nordestino e nacional.

A opção forró

No dia 11 de agosto de 1995, no Circo Pirueta, armado na pista de aeromodelismo da Praça Sinimbu, em Maceió, abrindo a primeira (e única) Mostra de Inverno de Música, no que seria seu primeiro espetáculo solo à frente de uma banda, o compositor convenceu o intérprete a trilhar também o caminho do forró.

O primeiro CD

Em junho de 1996, vinte anos depois da primeira composição, surgiu Cio do Grão, o primeiro disco da carreira do forrozeiro. O CD foi lançado pela SOMZOOM, a gravadora cearense que revolucionou o mercado do forró com a banda Mastruz com Leite. Neste disco destacamos: “Asa Partida” que foi regravada pela banda Brucelose e por Leci Brandão; “Bote Tempo” que se tornou sucesso no Nordeste na voz de Santanna o Cantador; e “Noite de Lua”, uma homenagem a Luiz Gonzaga.

O segundo CD

Em 1998, o segundo disco: Das coisas da minha terra. É mantida a opção forrozeira. Destaque para a faixa-título pela intertextualidade folclórica; destaque também para “Maragogi” pela beleza vigorosa do arranjo de metais que emoldura o baião; e pro xote romântico “D’estar” que viria a ser outro sucesso na voz de Santanna o Cantador, pra depois ressurgir, em 2009, na voz de Elba Ramalho, como a segunda música do compositor a ser gravada por ela.

O terceiro CD

Em 2000 é a vez de Ventos do Nordeste. Feito em casa, pode ser a denominação que resuma o que é o trabalho. O violão do próprio autor-intérprete estreia em disco e cerra fileira com sanfona, violino, violoncelo, flauta e percussão para produzir um acústico. O trabalho foi abraçado pela gravadora Rob Digital (RJ) e lançado para todo o Brasil. Vários são os destaques: “Eu sou o Forró” e “Só quero quem me quer” que entraram na trilha do filme Anjos do Sol, vencedor de 6 kikitos, inclusive o de melhor filme, em Gramado 2006, sendo que “Eu sou o Forró” já colocara seu autor numa coletânea brasileira da Sony Music da França, em 2003, ao lado de Baden Powell, Tom Jobim, Chico Buarque, João Bosco e Milton Nascimento; “Natal Nordestino”, pela reinvenção do natal; e “Não há quem não morra de amores pelo meu lugar” que veio a ser a página de Alagoas na Agenda 2009 da CEF, com tiragem de 330 mil exemplares, onde cada estado foi representado por ícones da literatura ou da música.

O quarto CD

Em 2003, Oração do Forró. Também produzido em Maceió, este CD traz a mistura dos perfis dos três que o antecederam. Se nos dois primeiros a formação de banda recebeu cordas e metais, respectivamente, e no terceiro imperou o acústico, neste quarto trabalho teve espaço pra um pouco de tudo. E haja destaque: “Na Hora H”, parceria com Oswaldinho que Elba tinha gravado em 1992; “Cabeça com bóbi X Barriga crescida” que o Mastruz com Leite consagrou em 1995; “Terço de Separação” que havia sido gravada por Jorge de Altinho e Alcymar Monteiro; e “Um Coco para Jacinto”, uma homenagem a Jacinto Silva, alagoano de Palmeira dos Índios, um dos pilares da música nordestina.

O quinto CD

Em 2004, o forrozeiro se permitiu a realização de um projeto há muito acalentado e produziu O Carnaval Alagoano de Eliezer Setton. O CD que nasceu pra ser um apêndice, findou por ocupar seu lugar como disco de carreira e acenou para um leque de possibilidades para o intérprete. Clássicos do carnaval de Alagoas juntaram-se às inéditas “A Terra é Azul”, onde o autor-intérprete exalta o CSA, seu time do coração, e “Eu sou o CRB”, onde ele exercita seu altruísmo para cantar o arqui-rival. Para coroar o repertório, sucessos perenes do cancioneiro alagoano ganharam versões carnavalescas, assim como os hinos oficiais de Alagoas e de Maceió também caíram no frevo.

O sexto CD (Cesteiro que faz um cesto faz um cento)

Em 2005, o forrozeiro volta à cena em Amores do meu Forró. Pela primeira vez, um CD 100% autoral. Em compensação, traz três convidados ilustres: Alcymar Monteiro, em “Carga Dividida”; e Luiz Vieira e Rildo Hora, em “Liberdade no Alçapão”. Destaque também para “Bem-vindo a Caruaru”, uma exaltação do alagoano à Capital do Forró.

O sétimo CD

Em 2009, depois de um intervalo de quatro anos sem lançar disco novo, o forrozeiro que investira no frevo em 2004 amplia o leque de gêneros quando aceita a convocação dos hinos e canções patrióticas e grava Brasil – Hinos à paisana. Tal projeto tem sua origem na boa receptividade do público pra sua interpretação, primeiro do Hino de Alagoas e depois, do Hino Nacional Brasileiro. Numa auto-pesquisa feita nas lembranças, definiu o repertório de dez dos mais representativos hinos do nosso cancioneiro cívico. Destaque para a introdução cantada no Hino Nacional e para a variação rítmica no Hino da Independência. Ressalte-se que os hinos foram gravados com acompanhamento de música popular, o que suscitou a expressão à paisana para sugerir a ausência da banda marcial, tradicional nesse tipo de registro fonográfico.

E foi justamente essa peculiaridade que levou o artista ao programa Sr. Brasil de Rolando Boldrin na TV Cultura de São Paulo, resultando num momento ímpar de visibilidade nacional.

O oitavo CD

Em 2010, o Alagoaníssimo. Além cumprir o papel de uma coletânea onde o artista interpreta músicas que cantam Alagoas, o CD presta-se a abrigar três fonogramas avulsos: “Canção do Turista”, onde Maceió é decantada pelos que nos visitam; “Hino de Maceió”, em sua versão formal, já que já tinha sido gravado numa versão carnavalesca; e o “Hino de Alagoas”, em sua versão original, que foi a grande responsável pela incursão do artista no repertório cívico. As faixas da coletânea, propriamente dita, foram extraídas dos próprios CDs do artista.

O Nono CD

Em 2011, O Quelso assumiu a identidade de “A uma Deusa”, poema zelimeiriano de autoria desconhecida, quando foi musicado em ritmo de xote e exigiu disco próprio. A ele vieram se juntar “Prece ao Vento” e “Guacyra”, dois clássicos que também viraram xotes, e “Bem a meu jeito”, uma versão de My Way em ritmo de baião. Dois grandes amigos, Ismar Barretto e Roberto Beckér, comparecem com duas obras-primas: a zelimeiriana “O Jegue Assobiador” de Ismar e a genial “Ruas de Maceió” de Beckér. De quebra, mas não quebradinha, a farinha se apresenta e diz quem é e o que é, em “Farinha é de Mandioca”.

O Décimo CD

Em 2016, Meu Brasil Forrozeiro. Eis que surge o registro que originou o primeiro CD ao vivo, gravado durante um show no Teatro Deodoro de Maceió em 15 de novembro de 2015. O repertório do show por si só conta a história e reitera as intenções de quem escolheu empunhar o estandarte da MPBN (Música Popular Brasileira Nordestina) e procura olhar pra tudo sob a ótica do Forró.

O Décimo Primeiro CD

O ano é 2019 e é centenário de nascimento de Jackson do Pandeiro. É também o ano de falecimento de João Gilberto. Ambos nordestinos, ambos reis do ritmo.

Na condição de cancionista que usa o violão como instrumento de harmonia, tanto para compor quanto para se acompanhar, nascido e criado no Nordeste, ouvinte de rádio e da radiola dos seus pais na infância e na adolescência, o artista desenvolveu a parte forrozeira de sua obra autoral misturando tudo que absorveu dos demais gêneros. Em nome do Forró deixa isso evidenciado nas versões de clássicos do cancioneiro mundial em ritmo de xote ou de baião no intuito de atrair mais ouvidos para a causa forrozeira. Destaques para “My Way” (Bem a meu jeito), “Over the Rainbow” (Canto da Sereia), “Les Moulins de Mon Coeur” (O Momento faz Canção) e “Jesus – Alegria dos Homens do Sertão”.

Resumindo a Ópera e o Forró

Chegamos a 2022 e o artista que testemunhou a transição dos LPs, compactos e fitas cassete para CD e que também viveu a passagem de século e de milênio, finalmente resolveu disponibilizar em um site tudo o que produziu ao longo de sua trajetória artística. Além de permitir que todos tenham acesso ao acervo, na forma de portifólio, o site abrigará em seu Blog as postagens contadoras das diversas histórias que pretendem ser um dia “Meu Livro de Histórias e Canções” (My Songstorybook).